Por quê se alimentar bem é tão difícil? É mesmo importante?

Alimentar-se bem vai muito além da ingestão de certos alimentos e da restrição de outros. Envolve questões emocionais, hábitos familiares, culturais e sociais. Compreender e respeitar esses aspectos é fundamental para a adesão a qualquer plano alimentar efetivo. A conquista de um hábito alimentar saudável é gradual e baseada em pequenas mudanças no dia a dia da pessoa, que influenciam diretamente na melhoria da autoestima, no autocontrole e no equilíbrio emocional. Não existem fórmulas mágicas, a conquista da forma física ideal (com menor porcentagem de gordura e maior definição muscular) é conseqüência desse processo de reeducação alimentar gradativo. Por essa razão é fundamental entender as necessidades específicas de cada pessoa, aplicar orientação individualizada e consistente, para facilitar não apenas o processo de emagrecimento, mas a manutenção dos resultados obtidos e a melhoria na qualidade de vida.
O equilíbrio energético e a escolha correta dos alimentos promovem bem estar por meio da liberação de hormônios que contribuem para se obter melhor disposição, humor, memória e sono. Mas esse também é um processo gradativo, e os limites, anseios e intolerâncias individuais devem ser sempre respeitados.
É notória a importância da alimentação saudável e da prática regular de atividade física para a manutenção da saúde, prevenção e controle de doenças crônicas não transmissíveis, tais como: hipertensão, diabetes mellitus, doenças cardiovasculares e certos tipos de cânceres. Por isso vale muito à pena iniciar um programa permanente de reeducação alimentar.
Ultimamente, inclusive, tem-se desvendado uma nova fronteira da nutrição, que é o silenciamento de genes relacionados a patologias, intolerâncias e sensibilidades alimentares (nutrigenômica). Ingerir ou restringir determinados alimentos na dieta alimentar é a forma de modular genes específicos, que permite não apenas otimizar o metabolismo, mas prevenir a ocorrência de várias doenças, principalmente as do tipo auto-imune.

A nutrição pode me ajudar a engravidar?

Sim, claro! Uma alimentação saudável é um importante fator para os que desejam filhos. O estado nutricional do casal é condição preponderante para a fertilidade. Mais do que isso. Influencia a gestação e o adequado desenvolvimento do bebê na primeira infância. Por essa razão, é fundamental um acompanhamento correto da rotina alimentar dos pais, desde o planejamento de uma gestação, na gravidez, bem como após o parto.

Quais são os tipos de fibras musculares existentes e quais as diferenças entre elas?

As fibras musculares dividem-se em:
Fibras tipo I, são fibras de contração lenta (vermelhas), com menor diâmetro, com um maior fornecimento sanguíneo, possuem muitas mitocôndrias e muitas enzimas oxidativas. São por isso fibras com um metabolismo energético de predomínio aeróbico, resultando uma grande produção de ATP. Estas fibras predominam nos músculos dos atletas de resistência, como são os maratonistas, por exemplo.
Fibras tipo II, são fibras de contração rápida, (brancas), com maior diâmetro, com predomínio de metabolismo energético de tipo anaeróbico. O músculo constituído por este tipo de fibras tem uma velocidade de contração, uma velocidade de condução na membrana e uma tensão máxima maiores do que nas fibras do tipo I.
São divididas em subtipos: IIa, IIb e IIc:
– Fibras do subtipo IIa: são fibras com predomínio do metabolismo anaeróbico, mas já com uma capacidade oxidativa superior, o que as toma ligeiramente mais resistentes à fadiga do que IIb e IIc.
– Fibras subtipo IIb: são fibras de contração rápida, nas quais o metabolismo anaeróbico é dominante, o que origina uma grande acumulação de ácido láctico no final do exercício. O componente aeróbico é reduzido.
· Fibras do subtipo IIc: são fibras que se encontram no músculo em quantidades muito pequenas, cerca de 1% do total. Possuem predomínio do metabolismo anaeróbico e uma capacidade oxidativa bastante superior à encontrada nos subtipos anteriores, o que as coloca entre estas e as fibras tipo I, no que se refere à resistência à fadiga.

Como conseguir uma boa preparação física, um bom condicionamento físico?

O recomendado para praticantes regulares de atividades físicas é iniciar providenciando alguns exames específicos, como: avaliação física, teste de esforço, teste de ergoesperimetria e, caso preciso, exames específicos que visam verificar o tipo de fibra predominante, de forma a melhor individualizar o treinamento e potencializar os resultados. Com essas informações, um educador físico capacitado saberá interpretar os resultados e direcionar de forma adequada o treinamento aos objetivos da pessoa. O ideal é que se busque melhorias gradativas, permitindo uma evolução conforme as respostas fisiológicas, de forma a prevenir lesões e otimizar resultados.

A atividade física deve sempre estar aliada a uma boa alimentação?

Com certeza, os benefícios da prática regular de uma atividade física são estreitamente dependentes de uma alimentação saudável.
O exercício pode ser prejudicial quando a pessoa não tem uma alimentação equilibrada, pois aumenta a produção de radicais livres, o que favorece o aumento do envelhecimento celular, o surgimento de patologias e dificuldades na recuperação do organismo. Além disso, pode comprometer o rendimento na atividade física e provocar hipoglicemia, tonturas, fraqueza e queda do sistema imunológico.
Um nutricionista esportivo poderá adequar a rotina de exercício com uma alimentação direcionada ao objetivo de cada um, por meio de uma dieta anti-inflamatória que favorecerá melhoria da resposta à atividade física.

Quais cuidados devem ser tomados por quem quer mudar seu estilo de vida?

Pela procura de profissionais habilitados com experiência e direcionamento para a melhora da qualidade de vida e manutenção da saúde. Ter persistência e regularidade no processo de mudança de estilo de vida para que haja a incorporação de novos hábitos. Paciência e engajamento são fundamentais para manter resultados e boa saúde.

Por que as pessoas devem buscar especialistas antes de iniciar essa mudança de estilo de vida?

Sim, pois é fundamental conhecer em detalhes o estado de saúde, os hábitos de vida e o funcionamento do organismo. Um profissional especializado saberá conduzir o paciente a uma bateria inicial de exames para, diante dos resultados, traçar as melhores estratégias para perseguir e manter com sucesso os objetivos desejados de cada indivíduo.

Quais seriam os princípios de uma alimentação saudável?

Como regras gerais para a nossa sociedade de vida acelerada e super industrialização dos alimentos, o desejável é manter, na medida do possível, uma alimentação o mais natural possível, livre de conservantes, aromatizantes, agrotóxicos e componentes químicos antinutricionias. Evitar excesso de açúcares, adoçantes artificiais, gorduras hidrogenadas e sódio. Reduzir a ingestão de alimentos industrializados, frituras, embutidos e defumados.
Substituir óleos vegetais (soja, milho, canola, girassol) pelo azeite ou óleo de coco. Consumir com freqüência frutas e verduras que possuam antioxidantes e compostos bioativos, para auxiliar no combate a radicais livres e na melhoria da detoxificação do organismo. Além disso, é fundamental uma hidratação adequada para melhorar o funcionamento de todo o organismo.

O que é nutrigenética e nutrigenômica?

O estudo da forma como os nutrientes interagem com os genes e de como os genes influenciam o metabolismo representa a mais nova fronteira da nutrição na personalização de programas alimentares.
A Nutrigenética se propõe a estabelecer, com base no DNA, a dieta ideal para cada indivíduo; a Nutrigenômica, por sua vez, estuda a influência da dieta no DNA, ou seja, forma como os nutrientes estimulam determinados genes. Conhecendo o quadro genético de uma pessoa, é possível identificar como seu organismo metaboliza macronutrientes (carboidratos, proteínas e gorduras) e diversos micronutrientes (vitaminas e minerais).
Por meio da Nutrigenética, é possível prescrever um programa alimentar adequado para cada indivíduo, indicando os alimentos que devem ter seu consumo estimulado ou diminuído, dependendo da situação.
Com a reunião dessas duas ciências, as prescrições dietéticas deixam de ter objetivos meramente estéticos e de curto prazo, como emagrecer ou ganhar massa corporal. Passam a incorporar mudanças em hábitos alimentares que tendem a representar ganhos significativos na qualidade de vida, seja pelo “silenciamento” de genes desencadeadores de doenças ou pelo estímulo a genes que otimizam a metabolização de nutrientes protetores.

Qual a diferença entre intolerância, alergia e sensibilidade alimentar?

A Intolerância Alimentar é frequentemente causada pela ingestão de alimentos que são confundidos pelo organismo como corpos estranhos, levando a reações imunológicas. Essas reações não tóxicas possuem sua origem no intestino.
Os alimentos, substâncias ou fragmentos de proteínas ingeridos e que são entendidos como nocivos pelo nosso organismo provocam uma inflamação da mucosa intestinal, aumentando sua permeabilidade. Com isso, o intestino deixa de funcionar como deve, e acaba permitindo a passagem para a circulação sanguínea de certos tipos de bactérias, vírus ou de outros agentes patogênicos, que são neutralizados por anticorpos – as Imunoglobuninas-G (IgG). O resultado é a formação de imunocomplexos (Ag-Ac), destruídos, em sua maioria, por macrófagos.
Os imunocomplexos não destruídos são depositados em órgãos ou tecidos, e levam a processos inflamatórios. Atualmente, a literatura médica descreve mais de 150 agentes que provocam esses processos, por isso chamados de intolerâncias, hipersensibilidades ou incompatibilidades.
Na maioria das vezes, são situações reversíveis. Excluindo-se o alimento da rotina alimentar por certo tempo (de 60 a 90 dias), tratando-se a mucosa intestinal e recompondo-se a microflora intestinal, o alimento poderá ser gradativamente reintroduzido nas refeições do indivíduo.
Em alguns casos, no entanto, a intolerância é absoluta, revelando um quadro de alergia.
A alergia alimentar costuma provocar reações exageradas, com o surgimento de manifestações no corpo em um período de até duas horas após a ingestão do alimento. Afeta o trato digestivo, a pele e, em alguns casos, as vias aéreas superiores. Alguns exemplos: erupção cutânea, tosse, irritação nasal ou ocular, asma ou edema da laringe. Na alergia alimentar o sistema imunológico produz uma imunoglobulina específica, designada IgE.
A intolerância alimentar é mais frequente e pode afetar qualquer pessoa, enquanto a alergia alimentar é um ocorrência mais rara e normalmente hereditária, presente em vários indivíduos da mesma família.
Tanto na alergia alimentar como na intolerância alimentar o tratamento consiste em retirar da alimentação os alimentos e todas as receitas que são preparadas com os alimentos que causam os sintomas.
Já a sensibilidade alimentar provoca reações menos severas do que as percebidas nos quadros alérgicos ou de intolerâncias e, normalmente, se manifestam entre duas a setenta e duas horas após a ingestão do alimento, ou seja, possui um efeito mais “retardado”. Podem nem mesmo serem diagnosticadas, mas o consumo frequente dos alimentos tendem a agravar o quadro, levando a intolerâncias.

O que é gastronomia funcional e o que representa na saúde das pessoas?

A Gastronomia Funcional é a interação entre a nutrição funcional e a gastronomia. É o se nutrir com sabor e acima de tudo, com muita saúde. Por respeitar a individualidade bioquímica das pessoas, atentar para as suas alergias e intolerâncias, a gastronomia funcional trabalha no resultado que os alimentos terão no organismo da pessoa para depois criar os pratos.

Quais as maiores dificuldades na reeducação alimentar de crianças e como superá-las?

A maior dificuldade na reeducação alimentar de crianças é principalmente a falta de cuidado dos pais. Nos tempos de hoje, muitas vezes optamos por saídas mais fáceis e prática oferecendo aos nossos filhos alimentos que não nos tomam tempo, nem de preparo e nem de incluir um novo sabor no cardápio. Com isso, acabamos cedendo ao conforto de hábitos ruins gerando piores qualidades de vida e de saúde para as crianças. Por isso, os pais devem ser cuidadosos e entender que a saúde dos seus filhos está em suas mãos!